sábado, 31 de março de 2012

Ao nascer da roda nos perguntamos o que foi mesmo que nos moveu a isto. O que pode fazer um profissional da área de saúde que trabalha com a clínica das toxicomanias, em serviços do SUS, na assistência ou na gestão, em uma extenuante carga horária semanal, abdicar de seu sábado para encontrar novamente colegas da mesma área de trabalho e discutir avidamente o mesmo assunto deste?

Quando a roda começou a girar e pudemos nos ver frente a frente e dividir um pouco nossas indignações nos deparamos com uma absoluta realidade: Droga é Tabu, e Tabu não se discute. Escolas, igrejas, associações, fóruns, debates, discussões... em quase todos os lugares que vamos falar sobre o assunto nos deparamos com a imposição social da inquestionável certeza popular de que as drogas são o mal.

Quando um profissional de saúde inicia uma fala sobre redução de danos se depara com faces espantadas. Começa então uma longa conversa que convida o ouvinte a raciocinar de outras formas que não a única que lhe foi permitido ter acesso. É possível pensar o assunto pela ótica do cuidado, pela lógica do direito, pelo questionamento às concepções e práticas de alteração de consciência, pelas reflexões históricas e antropológicas...

Existem muitos caminhos para percorrer neste tema que vão além da lógica proibicionista que vinga nos meios de comunicação. Caminhos que levam a questionamentos muito mais profundos do que a lógica maniqueista nos permite ver. Discutir drogas leva a discutir as dependências, as estruturas psíquicas, as relações pessoais, os próprios desejos, os bodes expiatórios, o acesso ao conhecimento, a autonomia e a responsabilização sobre si mesmo, o auto cuidado, as possibilidades de si e, principalmente, as diferentes escolhas.

É muito mais fácil responsabilizar um objeto inanimado do que entrar neste emaranhado de conceitos e questionamentos. Mais fácil permanecer na alienação que impede que se possa a partir da reflexão e do reconhecimento enxergar e assumir sua parte envolvida nisso tudo. Contudo, para nós, esta opção é indignante. A questão da drogadicção nos permite, enquanto sociedade, olhar para feridas muito antigas. Perder esta possibilidade é nos retirar da vida que circula, que gira, inevitavelmente, com todos nós.  

Discutir um pouco nossa história e nosso contexto pode esclarecer em que tipo de mar nós navegamos. As ondulações na área de redução de danos recebem correntes que vão desde a clínica até a militância política. Assim como a reforma psiquiátrica explicitou a estreita relação entre clinica e política na saúde mental, a redução de danos explicita esta mesma relação no fenômeno das drogas. Falar de usuário de drogas enquanto sujeito social que se vê excluído da pratica da cidadania por sua própria condição é falar de nossa dificuldade com a própria cidadania.

Nós da Roda dos Sentidos nos deparamos com espaços de troca que escancaram e promovem o reconhecimento de que o fenômeno das drogas é uma questão multidimensional, envolvendo campos diversos de estruturação social: saúde, história, cultura, família, gestão, justiça, legislação, assistência social, educação e segurança pública. Uma questão de ordem mundial em que muitas pessoas estão envolvidas das mais variadas formas com repercussões diversas para sua saúde e para coletividade. A partir dessa circularidade, dessa roda da vida de todos inclusos, dessa inclusão de tantos sentidos, dessa multiplicidade de um círculo, em que um ponto gera outro e não se sabe onde começa e nem onde termina... formamos o Círculo Profissional sobre Drogas Roda dos Sentidos – para girar com o mundo e produzir tantos outros giros.
OBJETIVO GERAL
Favorecer reflexões sobre o fenômeno das drogas e seus envolvidos como componente de estruturação social imprescindível de ser discutido.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
 - Favorecer entendimentos múltiplos do fenômeno das drogas e seus envolvidos.
- Estimular uma concepção mais humanizada sobre os usuários de drogas.
- Fazer provocações para a desconstrução de preconceitos e estigmas em relação às drogas e aos usuários delas.
- Discutir aspectos e fatores que configuram o fenômeno das drogas

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Gira mundoGira vidaGira olharGira serTudo rodaRoda vidaRoda o que se vêRoda o que se senteRoda para onde vaiRoda direçãoRoda o que se éRoda de conversaRoda de trocaRoda dos SentidosSentir, pensar, seguir, ser...Sentidos em círculoTudo giraQuando falamos de drogasGira emoçãoGira direçãoGira visãoGira quem se é...


                                                                                  Teca da Costa